domingo, 15 de marzo de 2009

Avenida Independência - alemão, português e espanhol

Agora me localizo na Avenida Independência, entre a Defensa e a Passeo Colón. Essas avenidas, pelo que tenho percebido, não são daquelas que atravessam a cidade. Comecei a aprender algumas coisas, por exemplo, quando vejo que algo é na Córdoba não penso mais que o lugar é perto. Aqui a disposição das ruas é diferente do que eu estava acostumada, e elas atravessam bairros, muitas vezes todos os que estão no mapinha para turistas que me entregaram no primeiro hostel. Ás vezes parece que vivo em uma cidade diferente da dos outros, me disseram que aqui existem balanças, e até agora eu só vi uma. Talvez seja porque vivo em San Telmo, e estou me sentindo uma moradora desse ilustre bairro porteño. Saí para passear na feirinha hoje pela tarde, e orgulhosa, já reconheço duas ou três pessoas além do velhinho que sempre entrega panfletos em frente ao La Parrilla. A noite aqui é maravilhosa, mas só começa depois das duas da manhã. O único problema para resolver essa noite é tentar explicar aos porteños que eu e Fábio somos apenas amigos. Nós sempre tentamos arrumar uma maneira de deixar isso claro, seja através de longas idas ao banheiro pela parte de Fábio, enquanto atraio chilenos para a minha mesa, seja nos perguntando se figuras estranhas presentes no Guebara se aproximam procurando algo mais "profundo" comigo ou com ele. Nós estamos concluindo que esse é o país dos avessos. Um dia desses, em uma boate em Palermo, vimos vários cafuçús de boné e bermuda claramente pertencentes ao mundo gay e muitos homens que pensávamos que estavam dando pinta devidamente agarrados com garotas. O estilo, também, é uma coisa me me aflige. Descobri que tudo o que eu usava em Recife não tem a menor serventia por aqui e ontem, no Guebara, até ouvi um sedutor "Bienvenida a Buenos Aires" dito por alguém que pelos meus trajes percebeu que daqui eu não era. Minha maior ambição, que era me mesclar, acabou sabotada pelos meus sapatos, cabelos e vestidos. Bem, na verdade não me sinto tão sabotada. Estou finalmente descobrindo o que é ser extrangeira e isso, na boa, tem as suas vantagens. Sentar com um argentino, um chileno ou um uruguaio são descobertas tão boas que valem mais que qualquer foto em frente ä Casa Rosada. E descobrir as diferenças de sotaque tem sido um desafio adorável pra mim. Um dia desses, fui ver um apartamento que tinha uma vaga aqui perto, na verdade eu fui mais porque fiquei curiosa pra conhecer o dono. Cheguei lá e quando ele descobriu que eu era brasileira disse: que maravilha, adoro o Brasil, morei um tempo em São Paulo e no Rio de Janeiro e adoro falar português, vamos conversar em Português? Eu já respondi no meu idioma, ele ficou sério, respondeu um sim em alemão e disse que não queria mais falar em português porque estava aprendendo alemão, pois tinha engravidado uma menina de lá com quem transou uma vez e se muda dentro de duas semanas, com direito a cama e roupa lavada. Para variar, perguntou se Fábio era meu namorado, eu disse que não, ele falou ainda bem, por que moram mais dois homens aqui, eles são lindos e poderiam ficar com ciúmes. Momentos non sense e vontade de casar com ele, afinal, de português para espanhol já temos meio caminho andado. Morar lá não deu certo, até porque minha moeda é fraca e ele me pareceu muito fértil, acabei alugando o apartamento (lindo, por sinal!), mas viramos vizinhos. San Telmo! Adoro essas rendondezas e essas caras que começam a ser repetir! E por favor que se repitam, sempre!

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